Dissertações Turmas 2020/1 e 2020/2

 

Turma 2020/1

AUTOR/A: RAFAEL MASCARENHAS MATOS
TÍTULO: NAS ENCRUZILHADAS DO AXÉ: EXPERIÊNCIAS E REPRESENTAÇÕES DE GÊNERO E SEXUALIDADE EM UM TERREIRO DE CAMDOMBLÉ ANGOLA NO CENTRO-OESTE BRASILEIRO
ORIENTADOR/A:  MIGUEL RODRIGUES DE SOUSA NETO
ANO: 2022
RESUMO: Neste trabalho se discutem as experiências de gênero e sexualidade em um terreiro de Candomblé Angola situado na cidade de Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul. O candomblé é uma religião derivada das tradições dos povos escravizados no Brasil, originários de África, trazidos para cá por meio do tráfico negreiro. O panteão divinal do candomblé tem uma variedade de representações das masculinidades e das feminilidades, sendo que, em algumas oportunidades, o binarismo masculino/feminino é suspenso ou rompido. Considerando a realidade brasileira de exclusão e violência experienciada por lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis, intersexos, assexuais e demais pessoas com variabilidade de gênero ou de orientação sexual (LGBTQIA+) e relatos de acolhimento dessa mesma população nos terreiros de candomblé, buscamos compreender estas relações a partir da imersão etnográfica no Abassa Maza N’Dandalunda, partindo das epistemologias decoloniais e da macumba, no campo dos Estudos Culturais. Assim, compreendemos as relações internas ao terreiro, as identidades não conformes com a binaridade de gênero e com a heterossexualidade compulsória, as representações do panteão divino a partir dos gêneros e as singularidades dos arranjos de gênero no interior da casa pesquisada.
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AUTOR/A: EDUARDO RAMIREZ MEZA
TÍTULO: Uma leitura interseccional sobre as relações de poder entre estudantes regulares e pessoas idosas inseridas em disciplinas isoladas de graduação presencial pela Universidade Aberta à Pessoa Idosa da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
ORIENTADOR/A: MARCELO VICTOR DA ROSA
ANO: 2022
RESUMO: Este trabalho teve como objetivo geral analisar, sob um olhar interseccional, as relações de poder entre pessoas idosas e pessoas jovens (estudantes de graduação) participantes da atividade de extensão “Pessoa Idosa na Formação Acadêmica” do Programa Institucional de Extensão “Universidade Aberta à Pessoa Idosa” da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Enquanto pesquisa qualitativa, o percurso metodológico incluiu levantamento de um breve estado da arte, obtenção de anuência institucional e de acesso aos contatos de pessoas idosas e de estudantes regulares, apresentação de convite para participarem da pesquisa, aplicação de questionário e de entrevista com os sujeitos, tabulação e entrecruzamento dos dados do perfil sociológico e análise dos discursos. Devido ao quadro pandêmico da Covid-19, todos os contatos com os sujeitos da pesquisa foram mantidos remotamente, com suporte das tecnologias de comunicação a distância. Participaram como sujeitos da pesquisa 15 pessoas idosas e 15 adultos jovens, sendo a maioria composta por mulheres cisgênero. Dentre os estudantes, apenas homens cisgênero apresentam diversidade quanto à orientação sexual. Todas as pessoas idosas são de matriz cristã e a maioria é divorciada. Pessoas idosas possuem renda superior aos estudantes regulares com o mesmo nível de escolarização, o que pode ser creditado aos “louros da idade”. O olhar interseccional associado à análise do discurso, iluminada pela produção foucaultiana, foram diferenciais que marcaram a pesquisa. Na análise dos discursos foram encontrados enunciados etapistas, principalmente de ordem biológica, para a definição do que é ser jovem e do que é ser idoso, enunciados que articulam os dispositivos de aliança e de sexualidade e, dentre as relações de poder, sobressaíram a questão do poder institucional, do domínio das tecnologias e do respeito. Os resultados da pesquisa oferecem contribuições para se (re)pensar os conceitos de juventude e de velhice e as formulações sobre intergeracionalidade a partir das análises interseccionais e de poder.
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AUTOR/A: EKAROLINE SILVA DE AMARILHA GARCIA
TÍTULO: O PROTAGONISMO TEM GÊNERO – REPRESENTAÇÕES FEMININAS NAS OBRAS CUNHATAÍ E GUERRA ENTRE IRMÃOS: Mulheres olvidadas na Guerra do Paraguai/Guerra Guasu (1864 – 1870)
ORIENTADOR/A:  ANA PAULA SQUINELLO
ANO: 2022
RESUMO: Neste trabalho, apresento os resultados acerca da pesquisa iniciada no ano de 2020, no âmbito do Mestrado em Estudos Culturais, sob a orientação da professora Dra. Ana Paula Squinelo. A pesquisa é intitulada “O protagonismo tem um gênero: mulheres olvidadas na Guerra entre irmãos (1864-1870)”, e visa abordar a presença das mulheres na Guerra do Paraguai, mais precisamente as representações femininas no livro Guerra entre irmãos (1997), de Raquel Naveira, e Cunhataí (2003), de Maria Filomena Bouissou Lepecki. O objetivo geral é analisar a presença feminina no maior conflito do século XIX na América Latina, que envolveu quatro países: o Brasil, o Paraguai, a Argentina e o Uruguai. Para tanto, meus objetivos específicos são: a) repensar a história dessas mulheres no contexto bélico, promovendo a visibilização desses sujeitos/as invisibilizados/as pela narrativa “oficial”; b) analisar as representações femininas na narrativa de Naveira e Lepecki, escritoras contemporâneas. Nota-se, pela linha tradicional, que a “História Oficial” tende a omitir a participação de sujeitos femininos na Guerra do Paraguai. As produções memorialistas dos séculos XIX e XX evidenciam heróis homens, e as mulheres sendo referidas quando esposa de militares notáveis. Nessas obras as mulheres não foram visibilizadas, pois são “escritos sobre homens, para homens. Raramente, quando aparecem, são tratadas como vítimas, especialmente as sobreviventes paraguaias que deveriam reconstruir o país, agora sem homens. As narrativas sobre a Guerra do Paraguai, no caso brasileiro, são abundantes sob olhar militar e raras sob prisma histórico” (COLLING, 2016, p. 238). Em tal perspectiva, se analisarmos, por exemplo, a presença feminina em obras memorialistas como A Retirada da Laguna (1871), de Alfredo d’Escragnolle Taunay, é possível depreender que as mulheres que partiram para a guerra em meio à “coluna” ocupam, na escrita, um lugar coadjuvante e subalterno. Desse modo, questionamos se a referida atuação é, regularmente, silenciada pela História Oficial. Por fim, a leitura e análise do romance de Lepecki abre a oportunidade de pensarmos o conflito a partir da figura, narração e olhar feminino. Cunhataí (2003) é um título provocativo que salienta curiosidade e permite o/a leitor/a ser ouvinte e espectador/a. Por outro lado, os poemas de Naveira nos apontam uma mínima visibilidade feminina, também não marcada em narrativas “oficiais”, e nos leva a questionar que o protagonismo na narrativa desta autora tem um gênero e não é o feminino.
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AUTOR/A: GEISELLY MARÇAL DA SILVA LEÃO
TÍTULO: VOZES TRANSGRESSORAS: agentes, mediações culturais, agenciamentos e América Latina nas páginas do jornal Lampião da Esquina (1978-1981)
ORIENTADOR/A: FABIO DA SILVA SOUSA
ANO: 2022
RESUMO: Interpretado pelas lentes da cultura hegemônica opressora heteronormativa como depravado, promíscuo, doentio e pervertido a população de LGBTQQICAPF2K+ sofre tratamentos diferenciados na sociedade brasileira marcados sobretudo, pela truculência das violências impostas a esses agentes. Este texto de Mestrado é fruto de uma pesquisa bibliográfica de abordagem qualitativa descritiva, intitulado “Agentes, mediações culturais, agenciamentos e América Latina nas páginas do jornal Lampião da Esquina (1978-1981). O jornal enquanto um artefato cultural através de seus conteúdos atua como produtor de sujeitos ao promover ensinos por meio de pedagogias culturais. O estudo faz também um delinear sobre o jornal de imprensa alternativa de oposição que traz um debate sobre a diferença para o Brasil a partir de uma perspectiva decolonial num Brasil da abertura em que a diferença está aflorando uma vez que a Colonialidade do poder dos regimes autoritários também se expressa nos marcadores da diferença na América Latina como um todo. Afinal, qual é o lugar da homossexualidade no interior das pautas políticas? Qual o lugar das mulheres? Qual o espaço dos indígenas? Qual o lugar das questões étnico-raciais? Faz-se também uma análise da construção de sentidos e práticas de subversão nas páginas do jornal Lampião da Esquina sobre as homossexualidades/sexualidades transgressoras na América Latina ao discutir a questão gay dos regimes autoritários latino-americanos. Para a fundamentação teórica do trabalho reporta-se esse estudo as lentes dos Estudos Culturais e tece-se um diálogo com vários autores, tais como: Jesus Martín Barbero (2015); Gayatri Chakravorti Spivak (2010) além dos constructos de Bernardo Kucinski, Renan Quinalha (2021); Viviane Camozzato, 2015 Douglas Kellner (2001); Elisabeth Ellsworth (2001) Marlécio Maknamara (2020); Patrícia Hill Collins (2021). Esse olhar a partir da margem da imprensa não hegemônica e seu devido engajamento cristaliza pautas de lutas por direitos na construção de reflexões e saberes dos agentes ao questionar a cultura dominante heterossexual, branca, cristã, normativa, patriarcal e machista no contexto autoritário.
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AUTOR/A: GIOVANA ALLE HOLLENDER AZAMBUJA
TÍTULO: (Sobre)vivência acadêmica e pandemia da Covid-19: percepções de estudantes da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul/UFMS
ORIENTADOR/A: HELEN PAOLA VIEIRA BUENO
ANO: 2022
RESUMO: O sofrimento psíquico de estudantes universitários tem aumentado nos últimos anos, assim como o interesse de pesquisadores pelo tema. Estudos têm sido feitos buscando identificar sintomas e transtornos recorrentes, fatores que influenciam na vivência acadêmica, possibilidades adaptativas, entre outros, sempre apontando para a crescente necessidade de assistência psicológica nas universidades. Contudo, poucos são os estudos que
tratam da percepção dos próprios estudantes e os sentidos atribuídos por eles a esse sofrimento, presentes em suas narrativas. Esta pesquisa busca investigar relatos das vivências acadêmicas e de sofrimento psíquico de estudantes de graduação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) durante o período de pandemia da Covid-19. O objetivo consiste em possibilitar uma ampliação na compreensão do sofrimento psíquico de estudantes universitários a partir de suas narrativas quanto às vivências acadêmicas e o sofrimento psíquico no período pandêmico atual. Para isso, a análise dos dados foi feita à luz dos teóricos dos estudos culturais e da psicologia social. Trata-se de uma pesquisa qualitativa de tipo exploratório-descritivo de corte transversal para a qual foi utilizado questionário aplicado por meio de formulário online a estudantes de graduação da UFMS que em algum momento de sua trajetória acadêmica manifestaram dificuldades emocionais/psicológicas e procuram atendimento psicológico oferecido pela universidade. A pesquisa apresenta como resultados a existência de dificuldades emocionais/psicológicas em diversos momentos da graduação, sendo evidente a presença constante de relatos de ansiedade por parte dos estudantes, especialmente no período pandêmico em que as demandas por produtividade aumentaram e as formas de vida e de relacionamentos interpessoais sofreram consideráveis alterações. Esperamos com este estudo contribuir para a construção de ações efetivas na universidade que possibilitem repensar as relações no ambiente universitário, no sentido de uma cultura de cuidado.
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AUTOR/A: JUSSARA LEÃO BALBUENO
TÍTULO: Uma leitura do cenário político brasileiro do ano de 2020 a partir de memes de internet: diálogos e cotejos sob a luz da heterociência do Círculo de Bakhtin
ORIENTADOR/A: PATRICIA ZACZUK BASSINELLO
ANO: 2022
RESUMO: Esta pesquisa de mestrado propõe uma leitura e compreensão acerca da representação do cenário político brasileiro do ano de 2020 a partir de narrativas distintas que transitam pelos espaços virtuais, expressas por intermédio dos memes de internet. A partir desse propósito, intentamos compreender os embates discursivos que acontecem no ciberespaço (LÉVY, 2010), mais propriamente nas redes sociais, de forma a entender a constituição dos sujeitos inseridos nesse recorte espaço-temporal proposto, concebendo o meme como um gênero do discurso, calcado teoricamente na heterociência do Círculo de Bakhtin (BAKHTIN, 2011) e seus estudiosos. Em relação à constituição dos sujeitos, propomos um diálogo teórico entre estudiosos do campo dos Estudos Culturais que teorizam o tema, tais como Hall (2014), Woodward (2014), juntamente com estudiosos que se debruçam a pensar na referida temática a partir dos escritos do Círculo de Bakhtin, como Bassinello e Miotello (2019), Miotello (2018), compreendendo a construção da identidade por intermédio da alteridade. Por meio da heterocientificidade bakhtiniana, baseamos as nossas análises no exercício de interpretação marcado pelo cotejamento de textos, objetivando a ampliação do nosso horizonte de compreensão, a fim de visualizar as expressões de luta e de resistência realizadas pelo “ser expressivo e falante”, objeto de estudo das ciências humanas (BAKHTIN, 2011). Dessa forma, realizamos o cotejo entre os memes selecionados e outros textos, que compreendem artigos científicos e de opinião, matérias e reportagens da esfera jornalística, charges e posts virais. Compreendendo o mundo e a linguagem de forma dialógica, fizemos o exercício de escuta dos nossos sujeitos expressivos e falantes, ouvindo assim, muitas vozes que compõem o discurso. Como proposição, apresentamos o riso como uma poderosa força libertadora de mentes e espíritos, a qual possui a faculdade instigadora de promover debates e conscientizações. Na conclusão, temos a apresentação de uma compreensão outra, uma contrapalavra, pretendendo atribuir sentidos no mundo, praticando o exercício de pensar os sujeitos a partir da plenitude de suas existências.
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AUTOR/A: KÁTIA ROSANA HERNANDES
TÍTULO: A CASA DA MULHER BRASILEIRA: uma análise sobre a violência de gênero e as políticas públicas de enfrentamento
ORIENTADOR/A: AGUINALDO RODRIGUES GOMES
ANO: 2022
RESUMO: A violência de gênero, mais especificamente contra a mulher, nada mais é do que uma demonstração da relação de poder instituída ao longo da história de modo injusto e assimétrico. A sociedade baseada na cultura machista da tradição patriarcal, sexista e misógina, acaba por legitimar diversos tipos de violência cometidos contra mulheres. Contudo, é imprescindível que haja uma mudança, não só nas políticas públicas de enfrentamento, mas na base da sociedade, na educação que as crianças recebem desde o berço. O objetivo geral desta pesquisa é discutir a implementação da Casa da Mulher Brasileira de Campo Grande, que foi a primeira do Brasil a ser inaugurada, bem como a aplicação das políticas públicas dentro de um cenário de caos político instaurado após o impeachment da Presidenta Dilma Rousseff e o desmonte das políticas públicas de enfrentamento da violência contra a mulher ocorrido após seu vice Michel Temer assumir a presidência. Em 2017, já com o Brasil presidido por Temer, houve um corte brutal na verba destinada não só a manutenção da Casa da Mulher Brasileira (CMB) já existentes como a suspensão por falta de investimentos das Casas em construção e o congelamento das que ainda estavam em projeto. Em relação ao percurso metodológico, os estudos foram sedimentados nos aportes teóricos dos estudos culturais, sobretudo na teoria feminista e nos estudos de violência de gênero, utilizando preferencialmente autoras do sexo feminino. Para subsidiar a discussão da construção de políticas públicas para o enfrentamento da violência contra as mulheres, são discutidos conceitos de gênero, violência contra as mulheres, direitos humanos e políticas públicas, que originaram dados alarmantes sobre o
fenômeno da violência contra mulheres no Brasil. O foco principal foi a descrição e análise do Programa Mulher: Viver Sem Violência, cujo projeto fundamental foi a criação da Casa da Mulher Brasileira (CMB). Pelo estudo das ações de implementação da Casa e do levantamento de dados numéricos referente aos atendimentos realizados, foi possível compreender as possibilidades e limites de sua atuação no combate à violência contra a mulher, avaliando, inclusive, as políticas de desmonte implementadas a partir do golpe de 2016. Os resultados indicam que embora a CMB/CG seja eficaz nas ações que se propõe, isso não reflete na diminuição da violência cometida, deixando evidente a necessidade da criação de políticas mais assertivas e de maiores investimentos no enfrentamento da violência contra a mulher.
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AUTOR/A: MATEUS CALVIS SOARES
TÍTULO: O teatro das sombras em “Cicatrizes do Risco/Crepúsculo das Luzes” (2001), de Cida Rodrigues
ORIENTADOR/A: JOSE ALONSO TORRES FREIRE
ANO: 2022
RESUMO: A presente pesquisa se debruça sobre o romance Cicatrizes do Risco/Crepúsculo das Luzes (2001), de Cida Rodrigues, na tentativa de se observar a construção da linguagem estética e narrativa, bem como a das personagens que compõem a obra. As abordagens realizadas têm por base um tripé formado pelas noções de cultura, identidade e romance, fundamentais para entender o objeto em questão. Se tratando de uma obra contemporânea hipermoderna, apresentará uma narrativa formada a partir da miscelânea de elementos textuais, que deslizam entre prosa e poesia, aderindo a essa narrativa elementos visuais característicos da cultura do hiperespetáculo. A noção de Teatro das sombrasse desenvolve, então, na tentativa de evidenciar que tanto a estética e narrativa, quanto as variadas vozes na obra são formadas a partir da representação dos espaços que têm acesso.
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AUTOR/A: YARA KAROLINA SANTANA DE MATTOS MESSIAS
TÍTULO: A Guerra do Paraguai / Guerra Guasu a partir de histórias em quadrinhos, aulas oficina e de uma mirada comparada (Brasil e Paraguai)
ORIENTADOR/A: ANA PAULA SQUINELO
ANO: 2022
RESUMO: A presente dissertação, intitulada A Guerra do Paraguai/Guasu a partir de Histórias em Quadrinhos, Aulas Oficina e de uma mirada comparada (Brasil e Paraguai), tem como objetivo apresentar a partir de uma abordagem comparativa, os grupos/protagonistas que foram representados nas HQs. Nesse sentido, esse trabalho caracteriza-se como uma pesquisa qualitativa de natureza historiográfica com aporte teórico dos Estudos Culturais e metodológico da História Comparada. A escolha desse tipo de estudo coaduna com uma epistemologia interdisciplinar apontando para os Sujeitos e Linguagens; por meio de análises teóricas das dinâmicas relações construídas e representadas nas HQs, Adeus, chamigo brasileiro: Uma história da guerra do Paraguai de André Toral (2008) e Guerra contra la Triple Alianza: vencer o morir de Pertile Enzo (2011). Dessa forma, rompemos com a perspectiva positivista e cartesiana de se problematizar a História. Não buscamos, necessariamente, destacar as semelhanças entre as obras mencionadas, mas sim as diferenças em relação ao outro brasileiro (a) /paraguaio (a), apoiados, sobretudo, na perspectiva sobre a diferença/outro trazida pelo autor Homi Babha. A hipótese sustentada é a de que as HQs, enquanto fenômeno social e histórico, estão sujeitas à incorporação de aspectos da sociedade e de referências forjadas culturalmente. Os resultados da pesquisa, até o momento, reforçam a necessidade de se lançar um novo olhar em relação às histórias em quadrinhos no contexto sociocultural e esmaecimento das fronteiras identitárias, assim como, os estereótipos em relação a história em quadrinhos enquanto objeto de estudos e pesquisas.
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AUTOR/A: Laila Cristina Domingos Ferreira
TÍTULO: Heteroidentificação: um olhar dos estudos culturais sobre o processo de entrada do aluno cotista na Universidade
ORIENTADOR/A: Helen Paola Vieira Bueno
ANO: 2022
RESUMO: Esta pesquisa busca compreender o processo de entrada de alunos que ingressam na pós-graduação (mestrado e/ou doutorado) através de cotas raciais, primordialmente que tenham passado pelo processo de heteroidentificação por banca, que ocorre em algumas instituições. Mesmo após alguns anos da vigência da Lei de Cotas, ela ainda não é amplamente aceita, e ao se tratar da heteroidentificação por banca a questão se torna um pouco mais controversa. O “tribunal das raças”(Folha de São Paulo, 2004) funciona como instrumento de garantia de direito e é complementar à autodeclaração de cor, porém, ao partir de um critério exclusivamente fenotípico, causa algumas discordâncias, principalmente por causa da miscigenação ocorrida no país. Atualmente existem muitas políticas públicas de promoção da equidade e da justiça social e as cotas raciais se encaixam como ações afirmativas de caráter temporário. Os participantes da pesquisa puderam compartilhar suas experiências nas entrevistas realizadas, acerca das suas percepções enquanto alunos negros e cotistas, por meio da história oral e narrativas, à luz das análises dos Estudos Culturais. O trabalho consiste em uma pesquisa qualitativa e o método utilizado para recrutamento dos entrevistados foi o “Bola de Neve Virtual”(COSTA, 2018). Foram coletados depoimentos variados, mas que convergem em muitos pontos, corroborando com o pensamento interseccional. Os resultados apontam para refletir o papel da academia como um locus de um processo de construção de identidade racial e que por mais que as bancas sejam importantes, o processo deve se concentrar no candidato e nos movimentos e experiências que o levaram até ali, portanto, a banca torna-se uma formalidade e mais uma etapa desse processo que irá garantir direitos e acesso ao público a que se destina.
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AUTOR/A: Israel Aparecido da Silva Júnior Zayed
TÍTULO: Handala e as fronteiras para descolorir: os cartuns de Naji al-Ali, insurgências poéticas e epistêmicas na luta de libertação popular Palestina
ORIENTADOR/A: Murilo Sebe Bon Meihy
ANO: 2022
RESUMO: Esta pesquisa tem como foco investigar a produção imagética e o discurso artístico e político contido nos cartuns da personagem Handala, uma criança palestina destituída de pão e pátria – mas indignada e obstinada pela luta de libertação popular palestina. A personagem foi apresentada ao público pelo refugiado Naji al-Ali, a partir dos desdobramentos da tragédia palestina Al-Nakba. No primeiro capítulo, pode-se acompanhar, por uma abordagem histórica como e por que ocorreu a ocupação britânica na Palestina, que promoveu mudanças importantes que já ocorriam naquele espaço dinâmico e de múltiplas interações sociais e culturais. Com o domínio administrativo do Mandado da Palestina, um outro ator político estrangeiro europeu projetasse para o território palestino. Seu objetivo: ocupação, à custa da hegemonia demográfica nativa. Diferentes formas e tecnologias de violência fizeram insurgir lutas palestinas de base popular. O segundo capítulo abre-se com uma introdução à produção de arte palestina sob três abordagens teóricas (nativos, exilados e israelense). Além disso passamos por breve biografia do cartunista conhecido como Naji al-Ali à produção de seus cartuns, em especial, Handala: uma personagem refugiada que transita por questões urgentes. Parte da obra foi reunida e publicada em um livro no brasil, compilando alguns trabalhos que forneceram as imagens analisadas nesta pesquisa. A metodologia da investigação teve como objetivo identificar, através da leitura de imagens, temas relevantes da disputa entre agentes das metrópoles imperiais e das resistências palestinas a partir do artista e de “teórices” que pensam a partir das margens e das imagens. Partindo do pressuposto da diferença colonial como dispositivo que legitimou as estratégias de ocupação colonial na Palestina histórica e dos cenários da geopolítica, quais foram as respostas dadas pelo cartunista e seus trabalhos? A personagem conseguiu se comunicar tanto com as experiencia das populações nativas mas também das comunidades em diáspora. Parte do segundo e o terceiro capítulo analisam o acervo imagético dos cartuns produzidos entre as décadas 1970 a 1987. Neles, Handala e diferentes marcadores temáticos surgem nas trincheiras da linguagem em cartum: uma fronteira entre o jornalismo e as artes visuais, que modula a perspectiva do cotidiano e a representa a partir dos palestinos “de baixo”, empobrecidos e condenados da terra; as e os refugiados da Palestina. No campo interdisciplinar dos Estudos Culturais foi possível estabelecer aproximações entre teórices nativos, insurgentes, aliados e movimentos sociais para o discurso palestino por libertação popular. Qual o papel das imagens no discurso gráfico de Naji al-Ali? Quais as origens de Handala? Quais os principais temas encontrados nos cartuns? É grande o desafio de traduzir para o contexto brasileiro tantas imagens, conceitos e diferentes repertórios e paisagens culturais, com objetivo ampliado de ler imagens. Do orientalismo à descolonização do olhar, buscamos verificar como os marcadores da colonialidade e da resistência se relacionam nestes produtos visuais, evidenciando disputas internas e externas nos mais distintos campos. No front palestino, Handala aparece nas fronteiras acinzentadas entre arte, política, vida e morte. Motivado pelo fim do apartheid e da limpeza étnica, essa criança busca voltar para casa, sem perder a memória e brio, tornando-se uma espécie de portal entre o passado e hoje, demonstrando a luta interminável por dignidade, direto ao retorno e autodeterminação. Ao ocultar seu rosto, Handala nos convida a olhar com atenção para as tonalidades cinzentas que arte e vida podem se encontram.
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AUTOR/A: Valdevino Gonçalves Cardoso
TÍTULO: SENÓHIKO KAVÁNETIHIKO, ÍHAEHIKO IPOXÓVOKUTI IHÁXENOTI TONÓ`ITI LIMAUN.Entrelugares e interculturalidade: vivências de feirantes Terena da Aldeia de Limão Verde
ORIENTADOR/A: Iara Quelho de Castro
ANO: 2022
RESUMO: A presente dissertação trata da pesquisa realizada no Programa de Pós-Graduação, Mestrado em Estudos Culturais, da UFMS, Campus de Aquidauana. Tem como tema as terenas feirantes da Aldeia Limão Verde, em Aquidauana, Mato Grosso do Sul, e por objetivos apresentar e discutir suas experiências, práticas e relações estabelecidas com a sociedade envolvente, compreendidas a partir de referências teóricas de perspectiva decolonialista e da interculturalidade. Utilizou-se a pesquisa bibliográfica e o trabalho de campo, para a colheita de dados e informações junto as terenas, sobre suas vivências e percepções relacionadas às suas atividades. Conclui-se que as terenas observadas e consultadas atuam de modo significativo para além de suas aldeias e roças, realizam um trabalho intercultural, de (re)afirmação de identidade étnica, lugar a partir do qual se posicionam, requerendo respeito e reconhecimento à diferença, sendo a feira um entrelugar, espaço de percepção e modo como as feirantes Terena se posicionam no interior da sociedade envolvente e como realizam estratégias de convivência em zonas de fronteiras culturais.
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AUTOR/A: Cesar Augusto Vareiro da Silva
TÍTULO: AS AGÊNCIAS TERENA NAS IGREJAS CRISTÃS DA ALDEIA PASSARINHO: protagonismos e apropriações
ORIENTADOR/A: Vera Lúcia Ferreira Vargas
ANO: 2022
RESUMO: A pesquisa busca demonstrar a construção do protagonismo indígena Terena por meio da compreensão e da análise das ações desenvolvidas por eles, através das apropriações das instituições religiosas na aldeia Passarinho, bem como das relações interétnicas identificadas por meio dos documentos das igrejas, do SPI, FUNAI e das entrevistas realizadas com as lideranças e com os membros das várias igrejas presentes na aldeia. Considera-se as igrejas também como lugares de debates e discussões em torno dos direitos indígenas, com a participação da comunidade da aldeia em seus cultos, missas e demais atividades desenvolvidas pelos membros de cada uma delas. Nesse sentido, evidencia-se um código de conduta presente no cotidiano da aldeia e para além dela marcado pelas atividades realizadas tanto pelas lideranças quanto pelos membros frequentadores, a fim de demonstrar a participação efetiva de todos junto as várias igrejas presentes na aldeia Passarinho. Para isso elegeu-se o campo teórico dos Estudos Culturais para compreender e demonstrar o processo de apropriação, ressignificação e protagonismo Terena dentro e fora da aldeia.
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Turma 2020/2

AUTOR/A: Aimê Barbosa Martins Bast
TÍTULO: PRIMAVERA NAS REDES: CONEXÕES E LUTAS NO SUL GLOBAL FEMINISTA EM #NIUNAMENOS, #UNVIOLADORENTUCAMINO E #ELENÃO
ORIENTADOR/A:  Fabio da Silva Sousa
ANO:  2023
RESUMO: O uso da internet e das ferramentas digitais elevou a outro patamar a ação de movimentos sociais – agora fortemente engajados em pautas identitárias – e tornou-se a principal ferramenta de mobilização política. Esta dissertação explora a contribuição dos feminismos transnacionais a partir de uma perspectiva decolonial para o espaço público globalizado: uma crítica interseccional à modernidade, expondo a violência com que o corpo-território das mulheres estão submetidas nas mãos do imperialismo e do neoliberalismo. Considerando esses aspectos, a literatura selecionada objetivou estabelecer a relevância de três eixos temáticos: a) feminismo; b) tecnologias de informação e comunicação, e; c) teorias do Sul Global. O levantamento dos dados discursivos dos três maiores movimentos digitais da América Latina permitiu expor uma narrativa muito específica vertendo em inúmeras informações que podem ser refletidas à luz dos Estudos Culturais. Assim, a dissertação, divide-se em três capítulos: o Capítulo 1 discute a evolução do pensamento feminista, as trajetórias do movimento na América Latina e o impacto das tecnologias para o ativismo feminista. No Capítulo 2 são explanadas as relações visíveis e ocultas entre a colonialidade, gênero e democracia, bem como o papel dos feminismos dentro e fora do Estado, em diálogo com a sociedade civil e organismos internacionais para fundamentar a produção de uma agenda política para o Sul Global Feminista que permita avanços nas relações de gênero em espaços públicos e privados. Por fim, o Capítulo 3 abarca o aporte das tecnologias de informação e comunicação no processo de questionamento da identidade feminista, a massificação do feminismo no âmbito da América Latina e o despertar da consciência política a partir do ano de 2015, utilizando como lócus de atuação e reflexão os movimentos #NiUnaMenos, #UnVioladorEnTuCamino e #EleNão. Em conclusão, o gênero e suas intersecções compõem os caracteres que constituem o sujeito pós-colonial feminino, online e offline, no contexto latino-americano, assim toda a episteme feminista levando em consideração essa constituição, deve e luta contra um patriarcado originário a fim de proteger não somente suas existências, mas na intenção de um dia quebrar com essa estrutura. Essa intenção remete ao conceito de redes de esperança de Castells, sendo a internet (redes sociais) o palco dessa subversão. Por conseguinte, se podemos traçar um panorama dos movimentos digitais da América Latina, esses diriam que os movimentos trazem uma narrativa de subversão, de negação, de uma apropriação coletiva de uma espécie de poder que é historicamente negado às mulheres e aos corpos femininos, que é um grito que saiu das redes, ganhou as ruas e performou corpos-corpus.
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AUTOR/A: Aparecida Alessandra de Oliveira Faria dos Santos
TÍTULO: PROFESSORES DE ESCOLA PANTANEIRA – AQUIDAUANA – MS, BRASIL: NARRATIVAS DE MEMÓRIAS DO COTIDIANO
ORIENTADOR/A: Helen Paola Vieira Bueno
ANO: 2022
RESUMO: A presente pesquisa refere-se ao estudo realizado com professores de Escola Pantaneira da cidade de Aquidauana, estado de Mato Grosso do Sul, Brasil. Busca-se entender por meio das narrativas de memórias desses professores, as cenas do cotidiano que permeiam suas histórias de vida e de trabalho na escola, na região do Pantanal de Aquidauana-MS-Brasil. As memórias e narrativas relatadas pelos professores foram analisadas sob a óptica dos estudos culturais e descrevem as lembranças dos professores de Escola Pantaneira como fator de abordagem de crescimento cultural, utilizando os sentidos para conhecer as coisas, apresentando as necessidades individuais e coletivas diante do processo de construção ideológica e epistêmica, gerando relações concretas por intervenção da linguagem ao descrever a trajetória como sujeito que desenvolve sua alteridade. Foi possível, conhecer as possibilidades intrínsecas do sujeito sendo representado pela memória, que nos remete a um mundo cheio de riquezas e sabedoria, esse processo de interação do conhecimento que a pessoas trazem consigo entrando em contato com o outro, gerando infinitas ideias fundamentadas nos conceitos de cultura, proporcionando novas transformações e possibilitando-nos entrar em contato com a realidade da cultura e do ensino na região do Pantanal. Por conseguinte, as narrativas no trabalho docente diante das suas práticas pedagógicas servem como elementos estimulantes que induzem os professores, em geral, a refletir a própria profissão. Assim, para analisar as narrativas o pesquisador precisa ter consciência que a memória revelada pelo sujeito será seletiva apresentando os fatos, pessoas e situações que foram relevantes no momento sugerido. Trata-se de um estudo exploratório-descritivo, de corte transversal. Os dados da pesquisa foram coletados no segundo semestre do ano de 2021, com a participação de seis professores de Ensino Fundamental. O instrumento utilizado para a coleta de dados foi Questionário Sócio Demográfico Ocupacional (QSDO), que foi construído especialmente para este estudo, juntamente com entrevista semiestruturada realizada de forma presencial. Em face dessa realidade, aparecem como destaque nesta pesquisa, conceitos como educação no campo, professores de Escola Pantaneira, narrativas, memórias, cotidiano, trabalho docente, Pantanal, cultura pantaneira sob ótica de uma análise da teoria dos Estudos Culturais.
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AUTOR/A: Jéssica Ferreira Alves
TÍTULO: Cenas de angústia e morte na dramaturgia filosófica de Jean-Paul Sartre, a partir da peça “A Prostituta Respeitosa” (1946): Representações de raça, classe e gênero
ORIENTADOR/A: Aguinaldo Rodrigues Gomes
ANO: 2022
RESUMO: A presente dissertação se concentra em compreender as opressões interseccionais (raça, classe e gênero), a angústia e a morte presentes na obra do dramaturgo e filósofo Jean-Paul Sartre, utilizando como objeto de pesquisa a peça A Prostituta Respeitosa, escrita no ano de 1946. A obra se passa no sul dos Estados Unidos, tendo como protagonista a personagem Lizzie, uma prostituta que viaja em um trem e, por conseguinte, presencia um conflito que resulta no assassinato de um homem negro. Assim, a peça direciona o seu foco para a questão racial, a qual tinha grande peso naquele contexto segregacionista norte-americano e pós-guerras mundiais. Sartre (1905-1980), como um dos precursores do existencialismo na França, utiliza-se de diversas linguagens para expressar sua filosofia e engajamento político. Sendo assim, nesta pesquisa, investigamos os aspectos estéticos na peça a partir da análise bibliográfica e do texto dramatúrgico, pensando como Jean-Paul Sartre, no texto teatral, perspectivou as opressões de raça, classe e gênero em suas obras, dando ênfase na temática da morte e da angústia.
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AUTOR/A:
Marcos Nathaniel Pereira
TÍTULO: Pelos terreiros, becos e ruas que encruzilham a vida: o forró por um olhar afrocentrado
ORIENTADOR/A: Marcelo Victor da Rosa
ANO: 2022
RESUMO: A pesquisa tem como objetivo geral analisar as minhas vivências, identificando as performances com o forró, como artefato cultural para direcionar um olhar pela perspectiva descolonial afrocentrada. Seu trilheiro encruzilha os terreiros da vida. O forró, sua dança, a escrevivência, a afrocentricidade e a pedagogia das encruzilhadas que florescem em ruas, terreiros, becos e vielas, espaços de transformações e de desenvolvimento de relações sociais. A pesquisa mistura poesia, que dirige os caminhos de cada capítulo; memórias, com base no pensamento de escrevivência; e os Estudos Culturais, com as leituras de afrocentricidade; sendo as ideias que trabalhem conceitos, ações, pensamentos e identidade africana que fale sobre os povos africanos e seus descendentes em relação a contextos históricos e social; as pedagogias das encruzilhadas e das ruas, encruzilham suas potencialidades em espaços não hegemônicos de conhecimento. Assim, florescem forrós múltiplos, que perpassam a dissertação e mesclam com outros conhecimentos afro-orientados. Quando o olhar visa os corpos negros diaspóricos, percorre pelos artefatos culturais, casa noturna, sarau e escola de dança, esfumaçando os saberes cognitivos motores. O que emerge são traços de possíveis conexões do forró com a cultura Africana, pensamentos e conflitos frente à brancura e do embranquecimento social, mostram que quando a cultura negra não está sendo marginalizada, seus povos estão. As energias dos orixás e pretos velhos também fluem, por toda a dissertação como conselhos ancestrais, informando as direções a serem tomadas. Assim, a pesquisa toma forma pelas encruzilhadas, encontrando estratégias a serem usadas, dentro de uma pedagogia do forró antirracista.
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AUTOR/A:
Renata Cordeiro Peguin
TÍTULO: CEMITÉRIO DOS HERÓIS: conflitos entre o patrimônio cultural, apropriações e a educação patrimonial
ORIENTADOR/A: Patricia Zaczuk Bassinello
ANO: 2023
RESUMO: Considerando os conflitos e tensões da herança moderno-colonial existentes na história e nas práticas de preservação patrimoniais brasileira, o objetivo desse estudo é analisar como o patrimônio Cemitério dos Heróis, situado em Jardim, Mato Grosso do Sul, é reconhecido, apropriado, e ressignificado pelos atores locais. O percurso metodológico se deu na interpretação das diferentes linguagens e apropriações sobre o cemitério. Para tanto, sob um olhar da paisagem cultural e da educação patrimonial decolonial, realizamos a análise de atas oficiais acerca do tombamento, entrevistas com o poder público, questionário semiestruturado para a comunidade local e professores da rede estadual do município. Os resultados demonstraram que o percurso de patrimonialização do espaço reproduziu o modelo epistêmico eurocêntrico, e que dado isso, o sentimento de pertencimento da comunidade para com o patrimônio, não se faz presente. Além disso, concluímos que, atualmente, o espaço é reconhecido pela sua relevância histórica, no entanto, não é apropriado e nem ressignificado pelos atores locais, o que comprova a teoria de que “conhecer para preservar” não é um único suporte para a efetividade dos bens na relação entre sujeito e patrimônio, sendo, portanto, proposto a adoção de uma educação patrimonial decolonial que considere a alteridade e a ecologia dos saberes na formação e construção de patrimônios contra hegemônicos.
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