Dissertações Turma 2021
AUTOR/A: | AMANDA MAMEDE |
TÍTULO: | O ENSINO DE ARTES VISUAIS FRENTE À MODERNIDADE/COLONIALIDADE: A NARRATIVA EUROCÊNTRICA DOS CURRÍCULOS E UMA PROPOSTA DE AULAS OFICINA DESOBEDIENTES |
ORIENTADOR/A: | ANA PAULA SQUINELO |
ANO: | 2023 |
RESUMO: | Esta dissertação parte do problema de investigação acerca de qual a narrativa da história da arte presente nos documentos curriculares e manuais didáticos que normatizam o ensino de artes visuais na cidade de Campo Grande-MS. A partir do método dedutivo com uma abordagem qualitativa em uma perspectiva decolonial, busca-se compreender como a construção dos referenciais curriculares que orientam e normatizam a educação básica refletem nos processos de ensino-aprendizagem, partindo da hipótese de que referenciais latino-americanos são invisibilizados e deslegitimados nas aulas de arte, contribuindo para a manutenção da colonialidade do poder (QUIJANO, 2005). São realizadas análises de conteúdo no Referencial Curricular da Rede Municipal de Ensino de Campo Grande-MS (Reme) e em conteúdos selecionados em quatro volumes (6º ao 9º ano) do manual da/o professora/or da coleção “Por toda pARTE”, da editora FTD, adotada pela rede municipal para o quadriênico 2020-2023; a coleção faz parte do Plano Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD). Reflete-se junto a Silva (2013) e Arroyo (2013) em relação às teorias críticas do currículo e sua concepção de território de constante disputa de tensionamento de saberes e a Bittencourt (2002), Choppin (2004) e Rüsen (2009) acerca da metodologia de análise do manual didático considerando-o um instrumento complexo e multifacetado. Deste modo, o objetivo geral da pesquisa é analisar pontos de des/obediência docente (MOURA, 2018) a respeito do discurso presente nos conteúdos apresentados por ambos os instrumentos de análise e a construção de um material didático composto por quatro aulas-oficina, cujo conteúdo seja desobediente à lógica moderna/colonial que impera sobre as epistomologias do Sul. Foi possível perceber que o Referencial da Reme é essencialmente eurocentrado em seus conteúdos, sobretudo em relação à cronologia da história da arte, assim como a narrativa inscrita no discurso dos manuais didáticos. Ambos os instrumentos marginalizam movimentos, obras, artistas, conceitos e tendências produzidas fora do eixo Europa-EUA, produzindo uma ideia de “cultura da repetição” (RICHARD, 2012). Portanto, esta dissertação oferece um material didático cujo objetivo é a instrumentalização docente para o exercício da desobediência à centralização da epistemologia euro-estadunidense nos processos de ensino-aprendizagem em artes visuais, voltando seus olhares para a paisagem sociopolítica, cultural e artística de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, oferecendo um contragolpe à educação condicionada à lógica capitalista/moderna/colonial. |
DOWNLOAD: |
AUTOR/A: | CAIO RODRIGUES |
TÍTULO: | COMUNIDADE FURNAS DOS BAIANOS: DA CONQUISTA DA PROPRIEDADE À RESISTÊNCIA POR UMA IDENTIDADE QUILOMBOLA |
ORIENTADOR/A: | AGUINALDO RODRIGUES GOMES |
ANO: | 2023 |
RESUMO: | O presente trabalho tem por finalidade pesquisar, levantar e entender como se originou a comunidade quilombola Furnas dos Baianos ao longo de sua trajetória buscando ainda compreender o processo de reconhecimento destes povos e de suas identidades quilombolas, que são vitais para o processo de regularização do território desta comunidade. No Brasil, o procedimento de identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação de terras ocupadas por remanescentes de quilombos se constituiu de forma muito burocrática e morosa, devido à falta de interesse do poder público em reconhecer a população negra como pertencentes à história de nosso país, bem como pelo fato de os interesses políticos existentes serem opostos ao processo de efetivação dessas propriedades na forma do artigo 68 dos atos de disposições constitucionais transitórios de nossa atual Constituição. O trabalho busca evidenciar a história dessa comunidade, seus costumes, suas tradições; a ligação que estabelecem com o espaço em que vivem e as relações dessas pessoas com a terra que ocupam. Busca-se também pesquisar e refletir sobre as comunidades tradicionais, como conseguiram se perpetuar ao longo do tempo diante das alterações trazidas pela sociedade moderna, dan-do ênfase à comunidade quilombola Furnas dos Baianos. Abdias do Nascimento e Beatriz Nascimento, intelectuais importantes para a discussão da temática, já denunciavam esse processo de subalternização do povo negro como elemento estruturante da sociedade escravocrata e mandonista no Brasil. Abdias do Nascimento deixa claro que essa condição subalternizada e a continuidade do colonialismo fazem parte do modus operandi estatal, seja ele monárquico ou republicano. Concordando com a historiadora Beatriz Nascimento, consideramos que qualquer atitude de associação seria quilombo, desde que buscasse maior valorização da herança negra. Assim, trabalhamos com a noção estendida de quilombo para compreender a legitimidade da luta da comunidade Furnas dos Baianos frente aos arranjos políticos locais de reconhecimento da sua identidade. A análise qualitativa envolveu pesquisa de campo, bibliográfica e documental. Metodologicamente, partimos da análise documental acerca de todos os textos legislativos (leis, decretos, portarias e resoluções) concernentes às matérias inerentes ao reconhecimento do direito de propriedade aos povos quilombolas, bem como do levantamento de teses e dissertações sobre a temática e entrevista. A pesquisa foi realizada em duas partes: a primeira consistiu em uma pesquisa de campo exploratória e consultiva, onde se realizou entrevistas com um morador da comunidade quilombola Furnas dos Baianos, o Sr. Antônio dos Santos conjuntamente com a Presidente da Associação de Moradores da comunidade a Sra. Ivete Carrera Pires, e outras duas entrevistas separadas, com antigos moradores da comunidade quilombola os Srs. Antônio Correa dos Santos e Joel Silva Ferreira, totalizando quatro entrevistados, em três entrevistas distintas, buscando entender a formação, os costumes, as tradições e a forma de manutenção dessas famílias como comunidade; a segunda foi a pesquisa documental de textos, vídeos, documentos legislativos, buscando entender o processo histórico e antropológico de formação e reconhecimento da comunidade como quilombo. Desvendar a história da comunidade Furnas dos Baianos não foi nada fácil, pois trata-se de uma comunidade que possui um histórico de formação único, quando comparado ao processo tradicional de formação de outras comunidades no Mato Grosso do Sul. A comunidade hoje vive um processo de reconhecimento de sua identidade quilombola através da incorporação dos costumes e tradições dos povos ancestrais, na busca de sua perpetuação como povo quilombola diante dos desafios e das mudanças ocorri-das ao longo do tempo. |
DOWNLOAD: |
AUTOR/A: | CARLA DRIELLY COSTA SANTANA |
TÍTULO: | A OBRA HIBISCO ROXO E A LIBERDADE, TRANSGRESSÃO E AGÊNCIA DAS MULHERES |
ORIENTADOR/A: | AGUINALDO RODRIGUES GOMES |
ANO: | 2023 |
RESUMO: | Durante a maior parte da história, a mulher foi impedida de acessar a educação formal, consequentemente a produção literária não era uma possibilidade existente em sua vida. No campo social, entretanto, apesar das conquistas, muitas mulheres não se viam representadas no movimento feminista, uma vez que a realidade de suas organizadoras, que eram brancas, bem como suas produções literárias divergiam da realidade das mulheres africanas/asiáticas/indígenas/afro-americanas. Destarte, fazia-se necessário pensar uma literatura para além do pensamento hegemônico/ocidental/branco, que possibilitasse a entrada em cena de histórias que convidam o leitor a refletir sobre as desigualdades e assimetrias existentes no mundo. Chimamanda Ngozi Adichie se encontra nesse contexto de escritoras que ousam apresentar, discutir e refletir em sua produção literária o cotidiano de povos atravessados pela colonização enquanto colonizados, e é neste sentido que o presente trabalho se propõe a analisar a obra Hibisco Roxo (2003), de Adichie, atendo-se a como as personagens femininas constroem espaços de transgressão, agência, liberdade e resistência dentro de um contexto de colonialidade. Como referencial teórico, estão presentes as contribuições dos Estudos Pós-Coloniais com Spivak, Hall, Fanon, Said, Bhabha; dos estudos decoloniais, com Lugónes, Quijano, Mignolo, Maldonado-Torres, Gonzalez; das teorias e críticas africanas, a exemplo de Amadiume, Oyewùmí, Ogunyemi, Hudson-Weems, Ogundipe-Leslie e a própria Adichie; além de análises conceituais a partir de autores como Foucault, Weber, Giddens, Latour, Butler. Assim, trata-se de adentrar, através da pesquisa e da literatura, na realidade pós-colonial de uma literatura feminina através da qual as mulheres existem, resistem e escrevem sobre o que isso significa. Ao analisar as personagens verifica-se a presença do desejo como manifestação intrínseca da liberdade e sua efetivação no ato de transgressão encontram na agência a possibilidade de transposição de sua latência para o universo das relações de poder, onde seu papel é de redesenhar estruturas a partir das ferramentas com que a própria sociedade se reproduz.o resumo de seu trabalho |
DOWNLOAD: |
AUTOR/A: | JANETE ANDRADE DE LIMA |
TÍTULO: | A PRESENÇA DE ESTUDANTES INDÍGENAS NO IFMS/CAMPUS DE AQUIDAUANA |
ORIENTADOR/A: | VERA LUCIA FERREIRA VARGAS CESCO |
ANO: | 2023 |
RESUMO: | Esta dissertação busca refletir sobre a presença dos estudantes indígenas Terena no Instituto Federal – Campus Aquidauana/ MS. Os objetivos são compreender e constatar a permanência dos estudantes indígenas nos cursos de Ensino Médio Integrado de Edificações e Informática do IFMS, campus Aquidauana. Identificando as motivações e os contextos vivenciados pelos estudantes indígenas para sua permanência e conclusão nos cursos de Ensino Médio Integrado do IFMS/ campus Aquidauana. A metodologia da pesquisa utilizada consiste em pesquisa qualitativa bibliográfica e quantitativa, utilizamos como principais suportes teóricos para este trabalho Mülling (2018); Cardoso (2004); Luciano (2006, 2017). Os procedimentos metodológicos utilizados foram levantamento bibliográfico sobre o contexto social, histórico e educacional da população indígena terena, bem como as especificidades do ensino integrado de nível médio dos IFs, aplicação do questionário e roda de conversa com os estudantes indígenas. Dos 27 estudantes matriculados nos cursos de Ensino Médio, 9 aceitaram participar da pesquisa, as respostas constam no transcorrer do texto. Constatou-se que o transporte escolar e a interação entre outros estudantes são fatores que contribuem para a convivência, diálogo e formação dos estudantes indígenas dentro do IFMS/ campus Aquidauana, mas que também podem ser fatores que contribuam para a evasão dos estudantes indígenas. |
DOWNLOAD: |
AUTOR/A: | JEAN BATISTA DA CUNHA |
TÍTULO: | AUTO DO CARÃO: ESTUDO SOBRE AS IDENTIDADES CULTURAIS DOS POVOS AMAZÔNIDAS ATRAVÉS DAS CIRANDAS DO AMAZONAS |
ORIENTADOR/A: | PATRICIA ZACZUK BASSINELLO |
ANO: | 2023 |
RESUMO: | Este trabalho visa refletir a constituição das identidades dos povos amazônicos numa perspectiva histórica e cultural, que vai desde migração histórica europeia até a migração nordestina nos meados do século XX. Trata-se de uma pesquisa baseada na história do sujeito da Amazônia em diálogo com os Estudos Culturais, enfatizando as identidades culturais e da hibridização cultural ao longo dos tempos através das cirandas do Amazonas. Faremos um diálogo com os autores Raymond Williams, Stuart Hall e Nestor Garcia Canclini para entendermos os conceitos de cultura, de identidades culturais e o processo de hibridização cultural. Iremos destacar os principais marcos históricos de conflitos e o posicionamento dos povos habitantes da região quanto a afirmação de suas identidades diante dos europeus, assim como as principais transformações vividas pelas cirandas ao longo do tempo e o ponto de tensão entre suas narrativas. Tais fatos descrevem a postura do homem amazônida frente a uma sociedade globalizada, padronizada e em processo de homogeneização cultural e que, mesmo com a romantização de sua imagem por parte do poder público, vive ainda uma ruptura social capaz de colocá-los em condições de descaso e de subalternização. Os povos amazônidas, assim como adeptos ao processo de globalização, viram no interstício a oportunidade negociação e de relação de poder frente as transformações exigidas pela modernidade e à manutenção de tradições culturais nas suas cirandas. |
DOWNLOAD: |
AUTOR/A: | JEFFERSON CESTARI |
TÍTULO: | O APOCALIPSE BRASILEIRO EM NARRATIVAS E TRAÇOS: AS CHARGES E CARICATURAS DA LAERTE DO BRASIL DE 2018 |
ORIENTADOR/A: | FABIO DA SILVA SOUSA |
ANO: | 2023 |
RESUMO: | Este trabalho é incluso no Programa de Pós-Graduação em Estudos Culturais do Campus de Aquidauana/ PPGCult/CPAQ da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul/UFMS pela linha de pesquisa Sujeitos & Linguagens. Tem como proposta analisar as tirinhas e charges da cartunista Laerte Coutinho publicadas em sua conta oficial no Instagram (@laertegenial) durante os últimos três meses do ano de 2018 na conjuntura das eleições para presidência do Brasil em que Jair Messias Bolsonaro, candidato de extrema direita do Partido Social Liberal (PSL), seria eleito. A coleta de dados se deu a partir da seleção das artes que Laerte Coutinho produziu e postou em sua rede social no momento em questão e que estavam em conformidade com os temas em análise. Para resgatar e ajudar selecionar os acontecimentos do ano que se passou a pesquisa foi usado como suporte o livro do jornalista Mario Magalhães “2018, sobre lutas e lágrimas” que traz uma miríade de acontecimentos aberrativo, que embora recentes em relação ao tempo da escrita da dissertação, de tão numeroso, é praticamente impossível ter uma retrospectiva apenas remetendo à memória. Para pesquisas jornalísticas e dados governamentais, houve acesso a jornais digitais como “Folha de São Paulo”, The Intercept Brasil e ”Brasil de Fato” além de sites como dos Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Para embasamento dos Estudos Culturais, as leituras, entre outras, de Maria Elisa Cevasco “Dez lições sobre os Estudos Culturais”; Richard Johnson, Ana Escosteguy e Norma Schulman “O que é, afinal, os Estudos Culturais?”. Em relação ao conhecimento sobre os quadrinhos, foi dedicado leitura aos livros “Desvendando os quadrinhos” de Scott McCloud, “História da história em quadrinhos”, de Álvaro de Moya e “Quadrinhos e arte sequencial”, de Will Eisner. Como resultado, fica a sensação de que o Brasil flertou com o apocalipse. Palavras-chave: Tirinhas. Estudos Culturais. Laerte Coutinho. Eleições 2018. Palavras-chave: Tirinhas. Estudos Culturais. Laerte Coutinho. Eleições 2018. |
DOWNLOAD: |
AUTOR/A: | LARISSA PAPA NOGUEIRA MARTINS |
TÍTULO: | O GRITO DA “MULHER DO FIM DO MUNDO”: FEMINISMO DESCOLONIAL, SUBJETIVIDADES E REBELDIAS NA VIDA E OBRA DE ELZA SOARES (1930 – 2022) |
ORIENTADOR/A: | FABIO DA SILVA SOUSA |
ANO: | 2023 |
RESUMO: | Considerando a diversidade social existente, é preciso compreender que a luta por mais igualdade e acesso a direitos dificilmente acontecerá de forma simplista e homogênea. Ela, possivelmente, apresentará complexidades que atravessam toda a constituição de um sujeito social, histórico e político. Trataremos da mulher negra que diante das especificidades de sua história, reivindica por igualdades de direitos que considere as suas vicissitudes. Nesse estudo, para trabalhar o feminismo negro, utiliza-se como recurso analítico o conceito de interseccionalidade. Discute-se, ainda, aspectos como a subjetividade da mulher negra, que não somente vê-se oprimida pelo engendramento de estruturas inerentes ao sistema capitalista que impactam sua realidade econômica e social, como também a sua saúde mental. Os procedimentos metodológicos envolvem a pesquisa de linguagens culturais da biografia e produção artística da cantora, Elza Soares, a fim de analisar, considerando a perspectiva dos Estudos Culturais, as suas contribuições para os estudos e movimentos antissexista, antirracista e descoloniais. |
DOWNLOAD: |
AUTOR/A: | LISE ROSSI JONES LIMA |
TÍTULO: | JORNAL O PANTANEIRO: MEMÓRIA, HISTÓRIA E CULTURA |
ORIENTADOR/A: | ANTÔNIO FIRMINO DE OLIVEIRA NETO |
ANO: | 2023 |
RESUMO: | Nos últimos anos ocorreu um aumento significativo de pesquisas acadêmicas que analisam a trajetória de periódicos publicados no Brasil. Há um conjunto de estudos voltados para jornais e revistas publicados nas capitais brasileiras. Porém, é menor o número de investigações sobre jornais produzidos no interior do país. Assim sendo, a presente pesquisa tem como objeto o jornal O Pantaneiro, publicado no município de Aquidauana, no Mato Grosso do Sul. O recorte temporal da investigação tem como marco inicial o ano de 1965, ano de lançamento do periódico. Já seu recorte final é 1978, buscando contemplar o período de criação do estado sul-mato-grossense, assim como os primeiros anos de administração do atual proprietário de O Pantaneiro. Na dissertação, objetiva-se investigar a trajetória do jornal e suas características, bem como a atuação de seus dirigentes e as produções das primeiras vozes femininas que colaboram com o periódico. Além disso, pretende-se considerar os meios locais de comunicação e momentos do desenvolvimento da imprensa. Para a realização do estudo, adota-se uma postura teórica interdisciplinar proporcionada pelos Estudos Culturais e pela articulação de conceitos das áreas de Comunicação e História. Com relação à metodologia, foi imprescindível recorrer à pesquisa bibliográfica e proceder à pesquisa documental no acervo do jornal. Como resultado do processo de pesquisa, apresenta-se uma dissertação em quatro capítulos. |
DOWNLOAD: |
AUTOR/A: | MARISTELA SANTIAGO DE SOUZA |
TÍTULO: | “Memória Para Uso Diário”: Arquivos E Coleções Orgânicas Como Dispositivos de Resistência (Favela da Rocinha-Rio de Janeiro, 1965 a 1984) |
ORIENTADOR/A: | MURILO SEBE BON MEIHY |
ANO: | 2023 |
RESUMO: | A função social dos acervos arquivísticos e coleções é ressaltada nesta dissertação ao percorrer a militância política dos moradores da favela da Rocinha, na cidade do Rio de Janeiro, entre as décadas de 1960 a 1980. O uso da memória como dispositivo para a militância política se impõe para o constructo de contranarrativas na emergência da hora, da “favela” para a “favela” e para o “asfalto”, do “negro” para o “negro” e para o “branco”, das “minorias majoritárias” e dos “povos não integrados no sistema da propriedade privada” para eles mesmos e para os grupos (economicamente) hegemônicos … enfim, para as sociedades de regulamentação, a perspectiva decolonial no fazer história a partir do direito à memória. E para nós mesmos, arruinar práticas discursivas que operam na racialização das subjetividades, de modo a nos conceituar como “favela”, “negro” ou “minoria”. Qual seja, o empoderamento, ou, o sufoco e o refastelo do mobilizar a identidade a nos projetar como atores sociais. As autobiografias de militantes, citadas ao longo deste trabalho, legam, os itens documentais do acervo em estudo, igualmente a memória é para uso diário. |
DOWNLOAD: |
AUTOR/A: | PABLO SIMINIO |
TÍTULO: | A RESISTÊNCIA INDÍGENA NO ESTADO PLURINACIONAL: UM ESTUDO CULTURAL A PARTIR DA CONSTITUIÇÃO BOLIVIANA DE 2009 |
ORIENTADOR/A: | MIGUEL RODRIGUES DE SOUSA NETO |
ANO: | 2023 |
RESUMO: | O que vem se sucedendo na Bolívia é uma verdadeira revolução cultural que é resultado de um longo processo de resistência indígena. Depois de mais de 180 anos de uma conflituosa história republicana em que os povos indígenas foram subalternizados e sendo a Bolívia um dos países mais pobres, desiguais e excludentes da América Latina, um governo como o de Evo Morales, aliado a uma nova Constituição, representa uma verdadeira revolução simbólica e uma nova época para esta sociedade andina. Uma época em que os atores indígenas não são mais representados por outros, como foram no passado, onde as suas identidades se subsumiam abaixo das identidades campesinas e obreiras, agora, falam por sua própria conta e as suas identidades étnicas se põe ao encontro do cenário político de uma maneira renovada. Dessa forma, objetivamos analisar a resistência indígena no Estado Plurinacional boliviano, buscando compreender: conflitos e contradições quanto ao reconhecimento do modelo de Estado; das Autonomias; da oficialização de línguas indígenas; da economia; da Justiça comunitária; da cultura; da representação política dos povos minoritários e as tentativas pluralistas de reforma política e do complexo processo de acordo político presentes na construção do Estado Plurinacional boliviano. Como fontes deste estudo utilizamos, além da própria Constituição, de normas correlatas, de sites, de atlas eleitoral, da imprensa boliviana, do “Servicio Estatal de Autonomías” e de documentos de diversas organizações da Bolívia e de pronunciamentos proferidos por diversas autoridades bolivianas. O referencial teórico para este estudo foi constituído, sobretudo, pelos autores Salvador Schavelzon e Álvaro García Linera. Concluímos que aimarás liberais, socialistas indianistas, mestiços pachamânicos e republicanos comunitaristas, ao lado de formas “selvagens”, comunitárias ou em busca de soberania e inclusão social foram incluídos na Constituição indefinida, com silêncios estratégicos e negociações forçadas, que resultaram na coexistência de vozes e perspectivas cosmopolíticas distintas. Da mesma maneira, foi possível constatar que a forma republicana foi questionada por diferentes maneiras de compreender a propriedade (com a territorialidade coletiva e reconhecimento da ancestralidade), a forma representativa de governo (com a inclusão da representação direta dos povos no parlamento), o sistema jurídico do direito positivo (com a jurisdição indígena camponesa) e a divisão de poderes (com o controle social). Assim, no novo texto encontramos: acordos, pontos intermediários, contradições e afirmações que vão em distinta direção. Essas formas políticas justapostas e combinadas foram acessadas por meio da “leitura” e do “olhar” — leia-se, análise cultural — abertos à diferença e a complexidade — do fenômeno cultural —, tendo por metodologia a “centralidade da cultura”, em que se vislumbra a possibilidade de interseção entre áreas do conhecimento no que se refere também para além dos mecanismos intra-discursivos do texto, bem como pela instrumentalização do conceito das “duas bolívias” desenvolvido por Salvador Schavelzon, que consiste na leitura da realidade boliviana expressada na fratura e divisão irreconciliável, mas não só isso, deriva-se da cosmologia andina em imagens do encontro, da mistura e da combinação, do diálogo, e ainda pela forma como Álvaro García Linera coloca o problema da plurinacionalidade, nas condições atuais do Estado e do capitalismo na sociedade Boliviana, por meio da operacionalização dos seus conceitos de republicanismo do cumum ou republicanismo comunitário, Estado Integral e capitalismo andino-amazônico. Como se sabe, não é preocupação apriorística dos Estudos Culturais desvelar a maneira como o receptor interage com o texto, mas sim perceber como as estruturas imanentes geram o seu sentido. Este estudo faz, portanto, uma abordagem, tanto intra-textual, como calcada em suas lacunas. Palavras-chave: Resistência indígena; Estado Plurinacional boliviano; Constituição boliviana de 2009 (CPE). |
DOWNLOAD: |
AUTOR/A: | RAFAEL DANTAS DE OLIVEIRA |
TÍTULO: | ONDE ESTÃO OS BRANCOS?: DESVELANDO A BRANQUITUDE NA ARTE BRASILEIRA |
ORIENTADOR/A: | MIGUEL RODRIGUES DE SOUSA NETO |
ANO: | 2023 |
RESUMO: | A partir dos Estudos Culturais (Hall, 2013a, 2013b ; Restrepo, 2014), Estudos Críticos da Branquitude (Bento, 2002, 2022; Cardoso, 2020; Carone, 2014; Schucman, 2020; Sovik, 2004) e Arte Brasileira, esta dissertação tem como objetivo geral identificar, compreender e analisar os padrões característicos e organizacionais da branquitude na Arte Brasileira (Hall, 2013a, 2013b), e partindo da compreensão dos Estudos Culturais de cultura enquanto poder e vice-versa, em que se estuda a organização geral em um caso particular, recorro ao contextualismo radical e ao pluralismo metodológico da seguinte forma: primeiro, identifico e analiso a construção social e histórica da branquitude e seu funcionamento, assim como sua autoidentificação, na qual se manifesta a contradição estratégica da branquitude. Em seguida, a partir da historiografia da arte afro-brasileira de autoria branca (Conduru, 2007, 2009; Cunha, 1983; Rodrigues, 1904; Valladares, 2018) e da produção da representação no campo da arte – a partir da ideia de “imagem em negativo” (Sovik, 2017) e do conceito “objetos em estado de exposição” (Simões, 2019), analiso como a branquitude ao produzir o Outro produz a si mesma (Carneiro, 2023; Fanon, 2020; Faustino, 2017; Kilomba, 2019), e como resultado, identifico, nomeio e conceituo o racismo visual. A seguir, subvertendo a lógica de poder do olhar branco (hooks, 2019), tomo a crítica à branquitude realizada por artistas afro-brasileiros, e revisito a historiografia da Arte Brasileira de autoria negra (Amancio, 2021; Munanga, 2018; Nascimento, 2018; Ribeiro, 2020; Simões, 2019) a fim de conceituar a arte branco-brasileira. Por fim, faço alguns apontamentos sobre a atuação de sujeitos brancos, e advogo a favor da morte da branquitude na Arte Brasileira (Yancy, 2022). |
DOWNLOAD: |
AUTOR/A: | SANDRA DA SILVA COSTA |
TÍTULO: | RACISMO NO AMBIENTE PROFISSIONAL ESCOLAR A PARTIR DA PERCEPÇÃO DOS TRABALHADORES DA EDUCAÇÃO DO MUNICÍPIO DE COXIM, MATO GROSSO DO SUL |
ORIENTADOR/A: | MIGUEL RODRIGUES DE SOUSA NETO |
ANO: | 2023 |
RESUMO: | Neste trabalho, as percepções que trabalhadores/as da educação básica municipal, estadual e federal da cidade de Coxim, no Mato Grosso do Sul, têm em relação ao racismo no ambiente profissional escolar são levantadas e analisadas. Considerando que o racismo se manifesta de diversas maneiras no Brasil, buscou-se identificar como as tensões étnico-raciais são per-cebidas nas relações profissionais que se estabelecem no ambiente escolar, e, ainda, conhe-cer a importância que os/as trabalhadores/as da educação atribuem ao diálogo e às capacita-ções (formação continuada) relativas ao tema. Buscou-se, também, identificar quais estraté-gias e políticas são adotadas pelos/as gestores/as frente ao combate à discriminação racial no ambiente de trabalho. O presente estudo, com abordagem metodológica qualitativa, por meio do emprego de questionário on-line estruturado com perguntas abertas e fechadas, para dialogar com os/as profissionais de três instituições públicas de ensino (uma da esfera mu-nicipal, uma da estadual e uma federal, todas localizadas no município de Coxim, Mato Grosso do Sul), encontra-se aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa. A pesquisa está ancorada no campo teórico dos Estudos Culturais, por meio da discussão que ele possibilita sobre os conceitos de cultura, de raça e de racismo nas práticas cotidianas da sociedade. En-tre os principais resultados da pesquisa está que os/as trabalhadores/as da educação reconhe-cem que o racismo existe, mas, ao mesmo tempo, o veem como algo que está distante deles e da escola, situação que ficou evidente quando 72,5% dos/as trabalhadores/as da educação disseram perceber o racismo como um problema estrutural. Mas, em contrapartida, 40% afirmam nunca ter, de forma consciente e/ou inconsciente, discriminado alguém em razão da cor, e somente 27,5% cogitam essa possibilidade; 87,5% dos/as profissionais admitem a importância do diálogo e da capacitação a respeito da discriminação racial; e há, entretanto, registros de servidores/as docentes que discordam e consideram que os/as servidores/as já são esclarecidos o suficiente sobre o assunto; 61% dos/as servidores/as desconhecem se a instituição onde atuam possui ou não políticas internas de combate ao racismo; 63% não sabem opinar sobre a atuação dos/as gestores/as frente a essa questão. A partir das manifes-tações de servidores/as, gestores/as e demais órgãos e entidades ouvidos, verificou-se que, quando há o implemento de políticas e/ou ações internas de combate ao racismo, essas são pontuais e ficam restritas, quase que exclusivamente, ao universo curricular e/ou docente, sem levar em conta que a instituição de ensino é formada por diferentes profissionais que , em atuação conjunta, protagonizam o processo educativo. |
DOWNLOAD: |
AUTOR/A: | TATIANA ROBERTA MEDEIROS |
TÍTULO: | O ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA E AS RELAÇÕES DE GÊNERO: REFLEXÕES DE UMA EDUCAÇÃO PARA A DIFERENÇA |
ORIENTADOR/A: | MARCELO VICTOR DA ROSA |
ANO: | 2023 |
RESUMO: | Os estudos de gênero têm avançado no contexto contemporâneo, intensificando, desta forma, as discussões sobre as políticas públicas que envolvem essa temática. Nesse sentido, esta proposta de pesquisa se justifica por problematizar as construções de gênero no espaço escolar e dissertar como os gêneros e suas conexões atravessam esse contexto. Nesse aspecto, o estudo teve como principal objetivo investigar como os/as docentes, que atuam nos anos finais do ensino fundamental da rede estadual de Resende (RJ) e da rede municipal de Quatis (RJ), elaboram conteúdos e propostas que tratam de diferenças históricas das constituições dos gêneros. Como objetivos específicos, a pesquisa buscou apresentar uma discussão sobre as relações de gênero nas aulas de Educação Física, analisar o processo de diferenciações por meio das relações de gênero nas aulas de Educação Física e visibilizar problematizações sobre o modo e as possibilidades de fazer uma Educação Física pautada em um currículo cultural que aborde as questões de gênero. Por meio de uma investigação qualitativa, a produção dos dados em campo efetuou-se de entrevistas semiestruturadas com professores que atuam nos anos finais do ensino fundamental da rede pública estadual da cidade de Resende/RJ e da rede pública municipal da cidade de Quatis/RJ. Participaram do estudo de campo 13 professores homens e as entrevistas aconteceram de forma remota e presencial. As análises dos discursos foram pautadas a partir das contribuições dos estudos pós-críticos. Ao analisar o perfil dos interlocutores, observamos que a maioria é de classe média, são negros, professantes do Cristianismo e apenas um possui deficiência. Além disso, tendo em vista o gênero como proposta analítica, tencionamos para refletir e indagar como esse conceito é utilizado e mobilizado pelos professores na prática pedagógica. Muitos deles problematizam esse conceito apenas quando aparece em conflitos durante a aula e outros preferem não falar sobre essa temática. Apesar de terem sido observados esforços de alguns docentes em tentar propor conteúdos que se afastam de um currículo tradicional, a maioria detém discursos pautados nos aspectos biológicos aos quais justificam enunciações para as elaborações de conteúdos tradicionais nas práticas pedagógicas. Foi percebido que os conteúdos propostos por esses docentes, muitas vezes, são marcados por representações generificadas os quais naturalizam as feminilidades e masculinidades dos/as educandos/as. Percebemos também, que nos olhares dos professores desse estudo, ao trabalhar com turmas mistas, já seria suficiente para atingir a igualdade e o respeito pelas diferenças entre alunos/as. Constatamos que as masculinidades dos docentes estão constituídas, ocasionando sempre disputas de poderes e jogos de subalternidades, por meio de processos linguísticos, discursivos e simbólicos, por intermédio dos marcadores sociais da diferença. Nesse aspecto, percebemos professores que tendem a seguir uma hegemonia e também existem aqueles que borram as fronteiras, direcionando para masculinidades plurais. Por fim, mesmo que os professores não tenham citado o currículo em uma perspectiva cultural, encontramos enunciações que viabilizem propostas curriculares de temas e conteúdos que se aproximam dessa abordagem. |
DOWNLOAD: |
AUTOR/A: | THAÍS MONIQUE BATISTA CONSTANTINO |
TÍTULO: | CORPO ENCANTADO: A (IN)CORPORAÇÃO DE CABOCLAS E CABOCLOS NO TEMPLO DE UMBANDA PAI OXALÁ |
ORIENTADOR/A: | MIGUEL RODRIGUES DE SOUSA NETO |
ANO: | 2023 |
RESUMO: | Esta dissertação tem como tema de reflexão os corpos de terreiro, especificamente a (in)corporação de caboclas e caboclos em terreiros de Umbanda. A escrevivência de Conceição Evaristo é utilizada enquanto ferramenta metodológica, uma vez que as reflexões apresentadas evocam meu corpo-memória e se cruzam/somam às bibliografias, construindo, questionando, criando e compreendendo conceitos e construções histórico-sociais ligados à religião Umbanda, à (in)corporação, seus elementos e seus sujeitos. Os temas abordados perpassam o terreiro, tanto em suas dimensões físicas e simbólicas, e exploram a relevância do corpo nas religiões afro-brasileiras, especialmente no contexto da (in)corporação. Adicionalmente, a pesquisa discute a importância e a identidade das caboclas e caboclos em terreiros de Umbanda. A pesquisa adota uma perspectiva decolonial, visando devolver/reconstituir ao corpo, e a religião como um todo, historicamente subalternizados suas próprias noções de significação. Utilizo a revisão bibliográfica como metodologia de pesquisa, observação participante nas giras de caboclas e caboclos no Templo de Umbanda Pai Oxalá, localizado em Campo Grande – MS, e entrevistas com médiuns de (in)corporação e algumas entidades caboclos a partir de questionário pré-estruturado. Os principais autores e conceitos utilizados são Graziela Rodrigues com corpo mastro, experivivência e coabitação; Luiz Rufino e Luiz Antonio Simas que discutem o carrego colonial, supravivência, caboclos e encantamento. Diante da constatação de que a colonialidade se fundamentou na descredibilização de diversas formas de ser, saber e fazer, bem como na dominação, perseguição e na morte, tanto física quanto simbólica, este estudo revela que a (in)corporação representa uma subversão desse projeto de desencanto. A (in)corporação possibilita o contato com diversas memórias de existência e energias vitais, sendo o corpo o local onde o axé está presente, permitindo assim a ruptura com a disciplinação dos corpos e dos cultos, desafiando a lógica imposta. |
DOWNLOAD: |